quinta-feira, 9 de abril de 2009



Conversa puxa Conversa (1)

Um violinista no telhado, filme do diretor norte-americano Normam Jewison, realizado em 1971, - baseado no livro "Tevye's Daughters and play Tevye der Milkhiker", de Sholem Aleichem, conta a história de Tevye, um leiteiro que vivia numa comunidade rural de judeus na Rússia, no começo do século XX. É bem provável que o diretor Normam Jewison tenha se inspirado também num quadro intitulado "O Morto", pintado em 1908 por Chagall, artista plástico russo e judeu. A pintura de Chagall contém muitas imagens da vida dos judeus que viviam em pequenas aldeias, chamadas shtetel, tal como o filme retrata. Chagall dizia que quando foi pintar esse quadro queria retratar a rua, olhada a partir de sua janela. Procurou algumas imagens que pudessem dar ao quadro um certo mistério e imaginou um morto estendido no meio da rua, cercado de velas acesas, e um violinista tocando em cima do telhado. O violinista, segundo ele, era uma lembrança que tinha de seu avô, que subia no telhado para tocar, anunciando que assim o fazia para tocar com paz. No filme, o leiteiro Tevye comenta que o violinista no telhado procura o equilíbrio, e o equilíbrio é a tradição. Na verdade, o violino, que também aparece em vários outros quadros de Chagall, é um instrumento musical utilizado tradicionalmente pelos judeus russos. Grandes intérpretes de violino - como Isaac Stern, que executa uma peça musical na trilha sonora do filme - são de origem judaica. Para um povo quase sempre em conflito, é compreensível a preferência pelo violino, instrumento fácil de ser transportado.


O tema do filme são os judeus da Europa Central, chamados de askhenazitas, que falavam o dialeto ídiche, de origem alemã, e durante o século XIX viviam em shtetelech (plural de shtetel, que significa aldeia), comunidades tipicamente judaicas. Apesar do isolamento político e cultural, mantinham relações econômicas com a população nacional e ligações oficiais com o governo. Quando pretenderam a nacionalidade e o tratamento como cidadãos, enfrentaram a resistência dos governos e das populações civis, porque tais reivindicações significavam direitos políticos e a ocupação de postos de trabalho. Principalmente na Rússia, foram criadas leis de exceção e progroms - massacres institucionalizados pela polícia, que provocavam a dizimação das aldeias. O governo czarista justificava o massacre com o argumento de que as reivindicaçoes dos judeus eram uma provocação aos camponeses miséráveis da Russia do começo do século XX.

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