tag:blogger.com,1999:blog-41104816715280296452024-02-19T03:38:06.838-08:00Sônia LessaSônia Lessahttp://www.blogger.com/profile/03377373074591655573noreply@blogger.comBlogger5125tag:blogger.com,1999:blog-4110481671528029645.post-81112802023863807612009-05-05T11:08:00.000-07:002010-01-12T13:20:31.594-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij68mspcG6XOCGGDCYB69yoaIXEUSTpwj2nya_WOMIhH-T0oS-j-wBZYsD738UvWV217O10Qo5NGFshe3qkzauf8VNCqAEXiZJGpc2YA2GdAcc5ubn2aTggIqVRLKiT4QJP9cvva96Xihy/s1600-h/homem+na+corda.jpg"><span style="font-size:180%;color:#000099;"><strong>Conversa puxa Conversa (5)</strong></span></a><br /><br /><br /><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 218px; FLOAT: left; HEIGHT: 410px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5332403830528666642" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij68mspcG6XOCGGDCYB69yoaIXEUSTpwj2nya_WOMIhH-T0oS-j-wBZYsD738UvWV217O10Qo5NGFshe3qkzauf8VNCqAEXiZJGpc2YA2GdAcc5ubn2aTggIqVRLKiT4QJP9cvva96Xihy/s400/homem+na+corda.jpg" /> <div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Ele me comunicou, bem satisfeito, </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">que havia ingressado por concurso na administração pública. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Parabenizei-o e perguntei-lhe </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">quem iria continuar seu trabalho de limpador de telhados, podador de árvores, </span><span style="font-family:georgia;">lavador de caixas d’água, </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">serviços de homem sem medo de altura. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Ele me pediu que ficasse tranquilo, </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">pois tudo já estava acertado com o chefe da Repartição. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Eram conhecidos desde o tempo de escola, </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">perderam-se de vista quando o colega foi para o ginásio </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">e ele para o corte da cana, ajudante da mãe. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Depois foi servente de pedreiro, serviu o Exército, </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">freqüentou curso noturno, tinha muitas habilidades profissionais e vasta carteira de clientes. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Ainda era pobre, </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">mas a mulher e os filhos já desfrutavam </span><span style="font-family:georgia;">do conforto da cidade. Há tempos sonhava com o serviço público. </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">Preparou-se com esforço para o difícil concurso </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">e alcançara aprovação. Nos primeiros dias de nomeado </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">deu expediente na casa do chefe: coisa rápida, </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">era a antena da televisão. Nesta ocasião acordaram </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">uma melhor forma de viver. O chefe lhe assegurava </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">o cargo público, ele recompensava o chefe </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">com pequeno pagamento mensal e obrigatório </span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;">e os clientes que ficassem tranquilos. </span></div><div align="left"></div><div align="left"></div><div align="left"><span style="font-size:78%;color:#000099;"></span></div><div align="left"><span style="font-size:78%;color:#000099;">_______________________________________________________________</span></div><div align="left"><span style="font-size:78%;color:#000099;">Portinari, Candido </span></div><div align="left"><span style="font-size:78%;color:#000099;">Homem Subindo em Escada de Corda</span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#000099;">s.d. nanquim, guache, grafite, sépia e crayon colorido sobre papel 26,3 x 14 cm </span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#000099;">Coleção Particular </span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#000099;">Reprodução Fotográfica autoria desconhecida</span></div>Sônia Lessahttp://www.blogger.com/profile/03377373074591655573noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4110481671528029645.post-7318262960929307092009-04-16T18:38:00.000-07:002010-01-12T14:52:09.667-08:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyn_WHs_2hstY0wXrSW3RqYSBlpO3PFKW8-ZTNIYpNJhAr2u6tsibENORbxb720WnF25eX2M4t5brBAeyGUEzpEOol4PGd48XaVUUuzVSVh1csLCffrtfqGe5OzK-haNPdFgStIJHD_iwO/s1600-h/mario+sanders+reduzida.jpg"></a><br /><strong><span style="font-size:180%;">Conversa puxa Conversa (4)</span></strong><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2lh3vV97KnxcGCId_Uw_KkQdj0-IG77B8lrckCH9k86hTJXFN-kjiwCdmZya4SrmwuU3aQMWISq42lEHUfp5sCZ7aqM12EF6nX7s79H0GIaxsM03whzy2BXcduBa5M5QoMmlKf2ws7f-y/s1600-h/mario+sanders+reduzida.jpg"><img style="MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 400px; FLOAT: left; HEIGHT: 290px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5425987124973509090" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2lh3vV97KnxcGCId_Uw_KkQdj0-IG77B8lrckCH9k86hTJXFN-kjiwCdmZya4SrmwuU3aQMWISq42lEHUfp5sCZ7aqM12EF6nX7s79H0GIaxsM03whzy2BXcduBa5M5QoMmlKf2ws7f-y/s400/mario+sanders+reduzida.jpg" /></a><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl7U8Phe037i9MpcHf45UNNvmcEVKFrs0I9mHMy4hc3O-sJi1xFpUAzVhzPJ6mCXcJYrhmuJo1L9u0sVCaUlOHOAFGtXCPsY-REsF-OPbjl9whHUYtZDcrzk-h5w3PJfvPkSH64RJ-e_i1/s1600-h/mario+sanders+reduzida.jpg"></a></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div><br /></div><br /><br /><div><br /></div><br /><br /><p></p><br /><p></p><p></p><p></p><p align="justify">A fila do supermercado era longa.<br />Dava tempo de muita conversa.<br />O fio da meada era o preço do ovo de Páscoa: ela ia comprar na cidade,<br />segundo uma amiga, era mais barato.<br />Argumentei que não valia a pena,<br />a passagem do ônibus equivalia à diferença.<br />Contou-me que era cobradora de ônibus,<br />tinha carteira para andar "de graça".<br />Disse-lhe que deveria ser por isso que seu rosto me era familiar.<br />Cabelo sarará, olhos verdes, pele clara,<br />certamente cruzamento de judeu com negro.<br />Ponderou que talvez não fosse ela quem eu pensava,<br />pois há dois anos estava de licença.<br />Havia sido vítima de 6 assaltos e tomara a decisão de pedir demissão.<br />O gerente lhe sugeriu licença médica. Categórica, observou<br />que o conselho do gerente era melhor situação<br />para a empresa e para ela:<br />para a empresa, porque era sabido que cobradores de ônibus<br />costumam reaver, através da Justiça,<br />o dinheiro com que ressarcem a companhia quando ônibus são assaltados;<br />para ela, porque ainda devia o correspondente aos 2 últimos assaltos<br />e durante a licença não era permitido que lhe fizessem descontos no salário.<br />Melhor então que ficasse à custa do INSS.<br />Interrompi minha recém-conhecida nesta parte da conversa<br />e confessei minha surpresa por não saber<br />que os cobradores dos ônibus assaltados arcam com tal prejuízo.<br />Explicou-me que os donos das empresas fazem isso<br />para evitar combinações entre cobradores e assaltantes...<br />Nessa altura, atônita, ainda pude perguntar-lhe<br />se em alguma das vezes havia sido agredida.<br />Fez expressão de sofrimento e com um gesto de cabeça afirmou que sim.<br />Começou a falar baixinho, só para mim,<br />deixando curiosas nossas vizinhas de fila.<br />Foi-se chegando, cabeça quase encostada na minha,<br />cochichou que o pior acontecera fora do ônibus.<br />Costumava sair de casa às 3 horas da manhã, porque às 4<br />partia o primeiro ônibus da garagem.<br />Estava com a farda de cobradora<br />e mesmo assim fora estuprada por 3 homens.<br />Nas ocorrências dentro do ônibus, pelo menos, os assaltantes<br />levavam somente o dinheiro que depois lhe descontavam.<br />Nessa vida já se iam 4 anos.<br />Agora seus nervos estavam esgotados.<br />Foi licenciada e talvez lhe aposentassem.<br />Na última eleição para deputado o gerente lhe visitara em casa<br />e advertiu-lhe de que o INSS podia ter métodos capazes de reabilitá-la,<br />sobre isso não sabia ao certo. Mas o motivo da visita era lembrá-la<br />que o dono da empresa era candidato<br />e contava com o voto dos empregados.<br />Em tom de quem extrai confissão perguntei-lhe se havia votado nele.<br />Secou as lágrimas com o dorso da mão que segurava<br />um pacote de margarina.<br />Outra vez, fez expressão de sofrimento<br />e com um gesto de cabeça afirmou que sim.<br /></p><p align="justify"> <strong><span style="font-size:85%;">Ilustração </span></strong><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWK_I1vXS7auOxZMn8XLYJHQOul-_91e09lz1MgfderMCYFGOAZQugdgZo2l13usAvxU_IJ-AMWoQaJ7ef4EVr84Y9gPLJAZ-GGd3UnBuGKThGNv4LmUJbUOTZmeXiyd2CoTPuIl7zTJdP/s1600-h/mario+sanders+reduzida.jpg"><strong><span style="font-size:85%;">do artista plástico cearense Mário Sanders</span></strong></a></p>Sônia Lessahttp://www.blogger.com/profile/03377373074591655573noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4110481671528029645.post-85526861260676821242009-04-09T11:26:00.000-07:002009-04-16T18:16:27.715-07:00<span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:180%;color:#006600;"><strong>Conversa</strong></span></span> <div><div><div><div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:180%;color:#006600;"><strong>puxa </strong></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="font-size:180%;color:#006600;"><strong>Conversa (3)<br /></strong></span><br /><span style="color:#33cc00;">A descoberta do fogo, as Grandes Navegações, todos os avanços da ciência já tiveram sua pertinência questionada: incertezas e sacrifícios fazem parte da narração das conquistas. Há um custo humano em todas as expedições que provocam superações e mudanças: erros e tragédias se intercalam com acertos e alcances. </span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">Na literatura que trata das aventuras marítimas, o limite do comportamento humano está posto em questão. </span></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">São versos do sobrevivente de naufrágio Luís de Camões, </span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">no Canto IV, 97, em sua obra “Os Lusíadas”, de 1569, </span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">através do personagem Velho do Restelo:</span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"><em> </em></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"><em>Que novos desastres determinas<br />De levar estes Reinos e esta gente ?<br />Que perigos, que mortes lhe destinas,<br />Debaixo dalgum nome preminente? <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI-NldQ0PxxG3deDhJjQSuDwuIYWUlckzc9x1NwgzKr33WI-simMu6Qo0hA7EHJx-ZVIjvCF_q8j5ClbREl7dgwaRnF4UE7vTv-HzBUoc5zSMmxjb9qmBnb6UQtPUFK8xwDoBXqEn4TIbS/s1600-h/hist%C3%B3ria+tragico+mar%C3%ADtimo.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322763083298878930" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 180px; CURSOR: hand; HEIGHT: 180px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI-NldQ0PxxG3deDhJjQSuDwuIYWUlckzc9x1NwgzKr33WI-simMu6Qo0hA7EHJx-ZVIjvCF_q8j5ClbREl7dgwaRnF4UE7vTv-HzBUoc5zSMmxjb9qmBnb6UQtPUFK8xwDoBXqEn4TIbS/s200/hist%C3%B3ria+tragico+mar%C3%ADtimo.jpg" border="0" /></a><br /></em><br />“História Trágico-Marítima”é um livro com narrativas portuguesas de náufragos sobreviventes de embarcações que pretendiam alcançar as Américas, a Ásia e a África, entre os anos 1500 e 1600. </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">As histórias foram compiladas no século XVIII, por Bernardo Gomes de Brito, e publicadas em Portugal, em dois tomos, em 1735 e 1736. </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">A “História Trágico-Marítima” foi editada no Brasil em 1963, </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">e reeditada, em 1968, por Lacerda Editores/Contraponto. </span></span></div><div align="justify"><span style="color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">O livro “Moby Dick”, do autor inglês Herman Melville (1819-1891), clássico da literatura do século XIX, narra o enfrentamento, no mar, de um experiente navegador e uma baleia. Uma disputa quase filosófica, promovida pelo acaso, entre seres diferentes da natureza. A origem desse romance é o naufrágio, no Pacífico, do navio baleeiro Essex, que em 1820 afundou com cerca de 20 homens a bordo. Também o livro “No Coração do Mar”, de Nathaniel Philbrick, publicado no Brasil, em 2000, pela Editora Companhia das Letras, reconstrói o depoimento de um sobrevivente dessa tragédia, que conta os erros cometidos e a experiência da tripulação do barco, cujo naufrágio foi provocado pelo ataque de baleias. </span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">Natanael Philbrick é pesquisador em Nantucket (da Nantucket Historical Association), ilha da costa </span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">leste dos Estados Unidos de onde partiu o Essex, que durante muito tempo foi o maior centro baleeiro do mundo. </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"><br /></span></span><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">Também o poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) escreveu “Mar Portuguêz” </span></span></div></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;">sob inspiração do esforço humano para promover travessias: <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD5pTMk8jKO9Gr78ihrxeTVuftNqVFXi_6I86ovTVIRA-i_v_d9lJp3gX9XUNLUN6urcy8qVpgSEh3SrE6VFkTQd7BuNqSDjMFz0loWruH6aEc753trAZVjUad4vCiHqVSojbdC3VwaKl_/s1600-h/foto_fernando_pessoa2.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322762199094779746" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 259px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiD5pTMk8jKO9Gr78ihrxeTVuftNqVFXi_6I86ovTVIRA-i_v_d9lJp3gX9XUNLUN6urcy8qVpgSEh3SrE6VFkTQd7BuNqSDjMFz0loWruH6aEc753trAZVjUad4vCiHqVSojbdC3VwaKl_/s400/foto_fernando_pessoa2.JPG" border="0" /></a> </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"><br /><em>Ó mar salgado, quanto do teu sal<br />São lágrimas de Portugal!<br />Por te cruzarmos, quantas mães choraram,<br />Quantos filhos em vão resaram!<br />Quantas noivas ficaram por casar<br />Para que fosses nosso, ó mar!<br /><br />Valeu a pena? Tudo vale a pena<br />Se a alma não é pequena.<br />Quem quere passar além do Bojador<br />Tem que passar além da dor.<br />Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,<br />Mas nelle é que espelhou o céu.<br /></em><br /><span style="font-size:78%;">(Bojador é o nome de um cabo a noroeste do continente africano, </span></span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#33cc00;"><span style="font-size:78%;">onde naufragavam muitas embarcações que tentavam alcançar a Ásia.)</span></span></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span> </div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span> </div><div align="justify"> </div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#006600;">foto de Fernando Pessoa</span> </div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#33cc00;"></span></div></div></div></div>Sônia Lessahttp://www.blogger.com/profile/03377373074591655573noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4110481671528029645.post-72569717401175270792009-04-09T10:52:00.000-07:002009-04-16T18:21:36.569-07:00<div><br /><br /><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;"></span></span></strong></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><strong><span style="color:#000066;"><span style="font-size:180%;">Conversa puxa Conversa (2)</span><br /></span></strong><br /><span style="color:#3333ff;">A França, sociedade que se orgulha por ser distinguida como naç<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjafYHcbOmWb62X95UQhcPZDekEjSy1BYrkrNSZh6XrhyLwCAiV2QprSYzoRUVvXjKv5pKNYiQlTIEPW8_fOFQQSvB46TIEztFaZAxSAnuieUmBXFlY2y0DTOGx7tNRShyrhYMXVEMC91TZ/s1600-h/untitled.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322756065780053058" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 114px; CURSOR: hand; HEIGHT: 169px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjafYHcbOmWb62X95UQhcPZDekEjSy1BYrkrNSZh6XrhyLwCAiV2QprSYzoRUVvXjKv5pKNYiQlTIEPW8_fOFQQSvB46TIEztFaZAxSAnuieUmBXFlY2y0DTOGx7tNRShyrhYMXVEMC91TZ/s320/untitled.bmp" border="0" /></a>ão de vanguarda das idéias, tem promovido discussões em torno do trabalho de François Jullien, nascido em 1951, especialista sobre a China e a Grécia. No livro “Traité de l’Efficacité” (<em>Tratado da Eficácia</em>, traduzido para o português por Paulo Neves e publicado no Brasl pela Editora 34, em 1998, François Jullien argumenta que a eficácia no Ocidente se opõe em tudo à eficácia na China.<br /><br />“A primeira procura atingir diretamente, através de uma ação voluntária, um objetivo fixado com antecedência. A segunda avalia a situação e depois a orienta de maneira a que o resultado se produza espontaneamente. A eficácia na China repousa sobre a transformação e a orientação. Fazendo evoluir a relação de força em seu favor, o estrategista chinês dirige as forças com as quais se depara. Ele se apoia sobre a propensão das coisas e se serve daquilo que lhe oferecem as circunstâncias. A guerra e a diplomacia ilustram perfeitamente o pensamento da eficácia na China. O estrategista orienta suas tropas e seus adversários para ganhar a batalha sem precisar combater, como o príncipe dirige seus súditos para que o poder lhe venha naturalmente”.<br /><br />Em 1995, François Jullien já havia publicado um outro livro, traduzido para o português em 2001 sob o título “Fundar a Moral: diálogo de Mêncio com um filósofo das Luzes”, abordando preocupações de Mêncio, há 23 séculos, com o profissionalismo na administra<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy1k2lRAiaRzR82cT6eBGZXo7sglcjs3NSZ6AnZ5fiafZjTUatLzi_MK873_KpR3cKxKlXlOykV3Rx5kPe-CtnVYkP0UsqQLwRe_wqPsAxUGT58lbzpQxxzsM-U9pT-cW6aJ8yZUH9mpmz/s1600-h/Mencius1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322756242411510866" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 184px; CURSOR: hand; HEIGHT: 217px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy1k2lRAiaRzR82cT6eBGZXo7sglcjs3NSZ6AnZ5fiafZjTUatLzi_MK873_KpR3cKxKlXlOykV3Rx5kPe-CtnVYkP0UsqQLwRe_wqPsAxUGT58lbzpQxxzsM-U9pT-cW6aJ8yZUH9mpmz/s400/Mencius1.jpg" border="0" /></a>ção pública. </span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#3333ff;">Nascido por volta de 371 a.C., quase um século depois de Confúcio, Mêncio — latinização de Mengzi (Meng-tzu) — é considerado o segundo sábio do confucionismo.</span></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"><span style="color:#3333ff;"><br />Trechos de “Os Quatro Livros”, de Mêncio:<br /><br />“A compaixão é o princípio da beneficência; a vergonha e o horror do mal são o princípio da justiça; a vontade de recusar para si e ceder ao outro é o princípio da urbanidade; a inclinação a aprovar o bem e a reprovar o mal é o princúipio da sabedoria. Todo homem tem naturalmente esses quatro princípios, como possui os quatro membros (...). Aquele que souber desenvolvê-los plenamente poderá governar o império” (...)<br /><br /></div></span></span></div>Sônia Lessahttp://www.blogger.com/profile/03377373074591655573noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4110481671528029645.post-25447300699342672592009-04-09T10:08:00.000-07:002009-04-16T18:34:12.047-07:00<div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoh38tLY6kAAhi6GVbD5yig3uKf5yCLEEvYUgkPCFCNix0Xbg2WfoG7VawF9aPKVFawXJVlVxEzmgK1VyFN8c6N596uWEhR-860Ssr865-91VKrWeilL5UwsaFM-PEO4KSIJMqTgNJKZNY/s1600-h/Marc_Chagall.JPG"></a><br /><br /><div align="justify"><span style="color:#990000;"><span style="color:#660000;"><strong><span style="font-size:180%;">Conversa puxa Conversa</span></strong> <span style="font-size:180%;">(<strong>1)</strong></span><br /></span><br /><em>Um violinista no telhado</em>, filme do diretor norte-americano Normam Jewison, realizado em 1971, - baseado no livro "Tevye's Daughters and play Tevye der Milkhiker", de Sholem Aleichem, conta a história de Tevye, um leiteiro que vivia numa comunidade rural de judeus na Rússia, no começo do século XX. É bem provável que o diretor Normam Jewison tenha se inspirado também num quadro intitulado "O Morto", pintado em 1908 por Chagall, artista plástico russo e judeu. A pintura de Chagall contém muitas imagens da vida dos judeus que viviam em pequenas aldeias, chamadas shtetel, tal como o filme retrata. Chagall dizia que quando foi pintar esse quadro queria retratar a rua, olhada a partir de sua janela. Procurou algumas imagens que pudessem dar ao quadro um certo mistério e imaginou um morto estendido no meio da rua, cercado de velas acesas, e um violinista tocando em cima do telhado. O violinista, segundo ele, era uma lembrança que tinha de seu avô, que subia no telhado para tocar, anunciando que assim o fazia para tocar com paz. No filme, o leiteiro Tevye comenta que o violinista no telhado procura o equilíbrio, e o equilíbrio é a tradição. Na verdade, o violino, que também aparece em vários outros quadros de Chagall, é um instrumento musical utilizado tradicionalmente pelos judeus russos. Grandes intérpretes de violino - como Isaac Stern, que executa uma peça musical na trilha sonora do filme - são de origem judaica. Para um povo quase sempre em conflito, é compreensível a preferência pelo violino, instrumento fácil de ser transportado. </span></div><div align="justify"><span style="color:#990000;"><br /> </div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5323194356906715170" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 305px; CURSOR: hand; HEIGHT: 210px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRpu4FpBsdVkhGx06e4od1KLUIBamLGjTx2FVVailQFKauLWQAfP_aV7-S5rILzPYm0wX2ALpEhDVht1SeTYf-BX8A03-4NYs11F1S6ZiLf9Jd3gcQcIOJuPRJ6PDPYE2Utd20ddbBjwD_/s400/chagall.jpg" border="0" /><br />O tema do filme são os judeus da Europa Central, chamados de askhenazitas, que falavam o dialeto ídiche, de origem alemã, e durante o século XIX viviam em shtetelech (plural de shtetel, que significa aldeia), comunidades tipicamente judaicas. Apesar do isolamento político e cultural, mantinham relações econômicas com a população nacional e ligações oficiais com o governo. Quando pretenderam a nacionalidade e o tratamento como cidadãos, enfrentaram a resistência dos governos e das populações civis, porque tais reivindicações significavam direitos políticos e a ocupação de postos de trabalho. Principalmente na Rússia, foram criadas leis de exceção e progroms - massacres institucionalizados pela polícia, que provocavam a dizimação das aldeias. O governo czarista justificava o massacre com o argumento de que as reivindicaçoes dos judeus eram uma provocação aos camponeses miséráveis da Russia do começo do século XX.</span> <div align="justify"><span style="color:#990000;"></span></div><div align="justify"><span style="color:#990000;"></div></span></div>Sônia Lessahttp://www.blogger.com/profile/03377373074591655573noreply@blogger.com0